Eu tenho um sonho
O reverendo Martin Luther King era um sonhador, um pacifista e, também, um revolucionário. Foram 13 anos de lutas pelos direitos civis até conseguir a intervenção do Estado nas questões envolvendo a discriminação racial.
Entre os boicotes e as manifestações lideradas por King destaca-se a passeata em Washington, onde proferiu o seu histórico discurso para mais de 200 mil pessoas. Na ocasião, o líder negro afirmava: "I have a dream" - "Eu tenho um sonho". Durante o discurso, realizado no racista estado do Alabama, ele dizia sonhar com o dia em que crianças negras e brancas dariam as mãos e viveriam como irmãos. Entre as conquistas dos negros, nesta época, destaca-se a Lei do Direito de Voto (1965), a qual extingüia o uso de exames que tentavam impedí-los de votar.
King morreu em 4 de abril de 1968, após ser baleado em um hotel na cidade de Memphis, local onde hoje é a sede do Museu Nacional dos Direitos Civis. O assassino, James Earl Ray, foi preso e condenado a 99 anos de prisão.
Panteras Negras
Com a morte do pacifista o movimento negro ganhou força e se acirraram os conflitos raciais nos EUA. Um grupo conhecido como Partido Panteras Negras, fundado em 1966, já contava com mais de 5 mil membros no mesmo ano da morte de Luther King. Esse salto na organização política e social dentro do movimento negro impulsionou a conscientização de milhares de jovens e trabalhadores.
Mas os Panteras Negras foram ainda mais além. Criaram centros médicos, educacionais e forneceram alimentação para crianças desamparadas. Os dez pontos programáticos do partido direcionavam a ação direta para a luta contra as mazelas provocadas pela elite branca norte-americana.
Os militantes negros empenhavam-se cada vez mais na busca dos direitos civis. Lutavam por emprego, melhores condições de trabalho, assistência médica, educação igualitária, libertação de prisioneiros, mudanças radicais no sistema judicial e, também, pela não-convocação para a Guerra do Vietnã.
Um dos principais membros do partido Panteras Negras declarou, publicamente, o que sentiu após a morte de Luther King. Em seu discurso, Stokely Carmichael sintetizou a revolta vivenciada na época: "agora que levaram o Doutor King, está na hora de acabar com essa merda de não-violência".
A postura combativa do grupo levou o FBI a considerá-los uma ameaça à segurança interna dos EUA. As principais lideranças do movimento foram presas, torturadas, mortas, ou ainda, obrigadas a se exilar. Mas um caso que chama a atenção da opinião pública, há mais de 20 anos, é o da prisão e condenação à cadeira elétrica de Mumia Abu Jamal. Ele foi preso por, supostamente, ter assassinado um policial que espancava o seu irmão. Em março de 2008 a sentença converteu-se em prisão perpétua, sendo lhe concedido um novo julgamento.
Olimpíadas
Durante as Olimpíadas do México, em outubro de 1968, os atletas Tommie Smith e John Carlos, ao ficarem em primeiro e terceiro lugares respectivamente, durante a prova de atletismo, mostraram ao mundo a força e o orgulho do poder negro. Quando subiram ao pódio, os desportistas ergueram os braços, com os punhos fechados, em sinal de protesto. O Comitê Olímpico Internacional (COI) expulsou os atletas norte-americanos dos jogos. Mas isso não foi suficiente para impedir que a história de luta em busca da igualdade racial atingisse a mente de milhões de afrodescendentes de todo o mundo.
"Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados por sua personalidade, não pela cor de sua pele" (Martin Luther King)
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